MULHERES ANÔNIMAS E PIONEIRAS
Um dos maiores avanços humanos e sociais
dos últimos decênios é, sem dúvida, a mudança rápida da situação da
mulher. De vítima de preconceito, da descriminação, da exploração, da
submissão e dos desníveis sociais, ela se tornou protagonista de sua
ascensão e libertação.
No passado, a luta por oportunidades e
condições igualitárias ocorria mediante conflitos. O importante era
vencer. Era o período do feminismo radical.
Hoje, em todas as partes do mundo, em
todos os segmentos da sociedade e em todas as áreas profissionais, a
mulher luta com autoridade pelos seus direitos, sem negar sua
feminilidade, sensibilidade, ternura e elegância.
O interessante é que a mulher, aos
poucos, empenhou a bandeira da competência. Ela deixa a casa e vence no
mundo do trabalho pela competência profissional. Ingressa nas
universidades e participa, em condições iguais, de concursos.
Nos últimos tempos, os meios de
comunicação contribuíram para enaltecer diversas mulheres que
sobressaíram no desenvolvimento de seus povos.
Algumas chegaram a fazer história: Indira
Guandi, na Índia, Eva e Esabelita Peron, na Argentina, Rigoberta
Menchu, na Guatemala, Madre Tereza de Calcutá na Índia, Irmã Dulce no
Brasil…
Como negar o envolvimento das mulheres na luta pela redemocratização do Brasil, durante a ditadura militar?
Em terras banhadas pelo Potengi mulheres
rompem costumes e padrões sociais, colocadas à frente de sua época é uma
tradição que honra a história norte-rio-grandense. Clara Camarão, índia
guerreira, montada a cavalo, investiu contra as espadas e os arcobuzes
do inimigo holandês, dando exemplo de coragem e bravura.
Incansável em sua luta pelas grandes
causas de sua época, as 22 anos, Nísia Floresta publicou “Direitos da
mulher e injustiça dos homens”, onde trata com muita determinação e
pioneirismo, da condição de mulher na sociedade.
Talentos extraordinários na poesia, no
romance, na música popular brasileira, pioneiras na educação,
transformando letras em palavras contagiantes e envolventes,
incentivando a leitura de um novo tempo, tempo de transformação, como
assim fizeram Izabel Gondim, Auta de Souza, Maria Madalena Antunes,
Palmira Wanderley, Noilde Ramalho, Ademilde Fonseca…
Ilustres desconhecidas conquistam espaço
no campo até então exclusivo dos homens, os cargos eletivos, Alzira
Soriano administra o município de Lajes, primeira prefeita da América
Latina. Nas terras cobertas pelo Bugi Vermelho Santa Laurentino se
destaca pela sua determinação e ousadia a frente do município de
Florânia, a 2ª prefeita do Brasil eleita pelo voto direto.
Maria do Céu Fernandes, brilhou igual as jazidas de minério de sua amada Currais Novos, como primeira deputada eleita no RN.
Na luta de libertação das mulheres em uma
sociedade de discriminação e exclusão social, destacamos Ana Floriano,
líder de uma rebelião mossoroense, o motim das mulheres, no ano de 1875.
Júlia Barbosa, teve um papel importante no estado, em termos de
conscientização da mulher como cidadã, uma das fundadoras da Associação
de eleitoras norte-rio-grandense. Celina Guimarães, a 1ª eleitora do
Brasil, pioneira na luta pela igualdade política no nosso país.
Nas terras abençoadas por Sant’Ana,
sertão do seridó, destacamos Maria do Santíssimo, pintora primitivista
nascida em São Vicente, terra natal de uma outra grande artista, a
escultora Luzia Dantas.
Percorrendo as veredas destas terras
embelezadas por juremas e mameleiros, perfumadas pelas flores do mufumbo
encontramos pegadas de mulheres anônimas, mas de grande relevância na
história do sertão potiguar, destacando: Teodora Maria dos Santos,
Guilhermina Celestino Galvão, Mônica Nóbrega Dantas, Jória Rivone Galvão
de Medeiros (Acari/RN), Mãe Quininha, Telecida Fontes, Georgina Pires,
Leonor Cavalcanti, Julinda Gurgel, Filomena Dantas Alzira Monteiro
(Caicó/RN), Tetê Salustino, D. Silva, Martha Cortez de Souza, Crindélia
Bezerra, Irmã Ananilia, Aurina Vieira, Suetônia Batista, Luzia Pinheiro,
Zalú Galvão, Ananilia Regina, Maria José Mamede Galvão(Currais
Novos/RN), Possidônia Emídio, Anita Campos, Safira Araújo, Josefa,
Anália de Araújo, Serafina Guedes, Maria Dominga(Florânia/RN).
Dedico este artigo àquelas anônimas que diariamente cruzam nosso caminho, guerreiras que levam com destemer a vida avante.
Postado por Junior Galdino